Fa(r)do
Photo by Nuno Presa on Unsplash
Dói-lhe sem dor
Chora sem fervor
Grita sem ter voz
Lamenta deixar-nos sós.
É filho e se pai fosse
Deles seria o mais doce
A trautear para não cantar
A dar a mão para ensinar a andar.
Nos lábios com que corta o vento
Pendura-se estreito o lamento
De uma vida passada
De uma guitarra enfeitiçada.
Ela deu-lhe um coração
E ele caiu-lhe no chão
Quando Lisboa chorou
Ao som do fado que ele cantou.
E calou-se o trovador
Amainou-se el grande amor
Foi a guitarra a enterrar
Jurou ele não mais cantar.
Que as lágrimas dessa mulher
Foram no peito dele arder
Foi como o mais vil dos pecados
Separou os enamorados.
Tocam-se todos os dias
Entreolham-se nas avé-Marias
Lisboa e Tejo, uma paixão
Unidos e separados por um Fado, pois então.
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